Entre os lançamentos recentes da Netflix está “Inventando Anna“, uma das novas séries baseadas em fatos reais que se tornou uma das favoritas da gigante do streaming por estar entre as mais vistas no top 10. Sua história conta a vida de Anna Delvey, uma jovem russa que a enganou nas redes sociais em Nova York, a elite paga por seu estilo de vida luxuoso sem um centavo.
A nova série da Netflix e Shololand de Shonda Rhymes, a mesma por trás de “Bridgerton”, é baseada no artigo da revista New York How, How Anna Delvey Tricked New York’s Party People (Como Anna Delvey Enganou os Socialites de Nova York, em tradução livre), escrito pela jornalista Jessica Pressler. No artigo foi mostrado a investigação da atividade criminosa da jovem vigarista, que convenceu ricos, bancos e hotéis cinco estrelas, de que tinha dinheiro para pagar todas as contas, apesar de cobrar de todos pela vida.
Ana Devey não é realmente o nome dela, o nome dela é Ana Sorokin e ela cresceu em uma cidade russa, mas depois sua família se mudou para a Holanda e ela mais tarde forjou sua carreira no Reino Unido e na França. Foi o seu trabalho na revista “Morado”, que a fez mudar todo o seu panorama e onde começou a usar um novo nome, para depois criar a sua grande farsa.
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“Inventando Anna” nos mostra como esse alter ego foi criado, completamente diferente de sua pessoa e de sua vida, onde seu lugar era nas esferas ricas de Nova York. Julia Garner é quem interpreta a vigarista, que conta toda a sua história criminal da prisão, enquanto relata tudo para a repórter que faria o grande artigo que a levaria a todas as grandes manchetes.
Assim que esta história chegou ao catálogo da Netflix, foi colocada entre as mais assistidas da gigante do streaming, ocupando o primeiro lugar entre as mais vista dentro deste serviço, desbancando “Café com Aroma de Mulher” e deixando “Carinha de Anjo” em segundo lugar, dois dos sucessos mais recentes nesta plataforma aqui no Brasil que não saím do topo desta lista de popularidade desde então.
Por outro lado, conseguiu superar “O Golpista do Tinder” em popularidade, que atualmente saiu dos tops 10 nesta lista da Netflix; embora tenha sido também um dos títulos mais vistos nos últimos dias deste catálogo e que também toca no mesmo tema de ‘Inventando Anna’, onde um homem sem dinheiro conseguiu enganar muitas mulheres depois de conquistá-las através de namoros no aplicativo.
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Tanto “Inventando Ana” quanto “O Golpista do Tinder” perceberam que as histórias de fraude e engano são algumas das favoritas do público, já que situações que parecem apenas de um filme ocorreram na vida real, deixando enormes dívidas para muitas pessoas, enquanto os culpados nem sequer mostram remorso por cada um de seus crimes.
Por trás de uma imagem de glamour e elegância, Ana Sorokin escondia uma mulher calculista e ambiciosa, que não hesitava em arriscar tudo para alcançar poder e fama. Ela acabou na prisão, após um julgamento da mídia, deixando para trás uma infinidade de artigos na imprensa que tentavam desvendar como uma garota russa comum conseguiu se passar por uma especialista em arte alemã sem levantar suspeitas.
Sua façanha criminosa envolve investidores importantes. Delvey enganou hotéis, restaurantes, bancos, designers e tudo mais em seu caminho. A suposta herdeira alemã alegou ter uma economia de US$ 67 milhões. Lógico que uma lacuna foi feita entre os membros da alta sociedade de Nova York. Sua ambição era tanta que ele até tentou enganar um golpista, Billy McFarland, que foi preso pelo caso de alto perfil do Fyre Festival. Os delírios de grandeza não tardaram a aparecer. Conforme revelado pela Vanity Fair em um artigo, a falsa socialite agiu da maneira mais óbvia, como quando “convidou” uma amiga para uma estadia luxuosa em Marrakech e escapuliu, deixando-a para pagar a conta: 60.000 dólares nada menos.
Se a série mostra alguma coisa, é que Vivian, a jornalista interpretada por Anna Chlumsky (‘Veep’), manipula Anna à sua maneira para lhe contar a verdade. Se ela se declarasse culpada, como seu advogado encorajou, as pessoas pensariam que ela era apenas mais uma idiota. Vivian quer ser valorizada e consegue encantar Anna como fez com suas vítimas. Seu objetivo é a entrevista definitiva, aquela que conta que por trás daquela Anna aparentemente desajeitada há uma mulher brilhante. Não será fácil para Vivian, claro, e há uma cena que sugere que o papel que ela vai interpretar é a de uma detetive no estilo Jessica Fletcher.
Anna conseguiu que ninguém, nem mesmo seu círculo de amigos ricos, realmente a conhecesse. Ela tinha carisma, eles se divertiam com ela, ela era engraçada. Seu desejo de chegar ao topo, ganhar dinheiro, ter poder e fama o levou a tecer uma incrível rede de contatos, com outros empreendedores e pessoas influentes.
Ela usava roupas de alta costura, viajou de jato particular, em um iate para Ibiza, foi convidada para a semana de moda de Paris. Tal era sua obsessão com sua aparência (lembre-se, Instagram) que durante o julgamento ela se recusou a entrar no tribunal porque acreditava que não estava vestindo uma roupa apropriada, e ainda chegou a contratar uma estilista. Ela tinha 28 anos e deixou um rastro de vítimas que preferiram ficar caladas por vergonha. Em fevereiro do ano passado, Anna foi libertada da prisão, depois de cumprir apenas dois anos de sua sentença por fraude (na realidade, ela poderia ter recebido de quatro a 12 anos). E ela fez isso com a cabeça erguida, como uma verdadeiro VIP. A Netflix havia adiantado o dinheiro pelos direitos da série enquanto ela ainda estava atrás das grades. Uma série que não suporta o que ela fez, mas tenta entender os motivos.