O ator Carlos Arruza está rodando os festivais como o protagonista do curta “Alice, meu pai”, do diretor Fernando Cunha Jr, produzido pela Zero8onze PhotoCine. A produção conta a história de uma drag queen que canta na noite, que viveu por muito tempo os rigores de uma família extremamente religiosa, e hoje, vive sua verdadeira essência. A história vem ganhando reconhecido em várias premiações ao redor do mundo, dentre eles Lytham International Film Festival, do Reino Unido, no Brazil New Visions Film Festival, onde teve cinco indicações, incluindo melhor ator, além de ter sido selecionado para o Full Bloom Film Festival, que acontece em setembro nos Estados Unidos.
“Pra mim o maior foi encontrar uma maquiagem que pudesse transformar fisicamente meu rosto. Foi um processo difícil achar uma máscara que parecesse tão apropriada num rosto que não tem nenhuma passabilidade (como chamam o processo de transformação de gênero fisicamente). Tenho traços brutos que dificultam a harmonia com o feminino. A Bia Torres, maquiadora responsável pela make do curta, teve que estudar bastante sobre ele para ensiná-lo a fazer, pois era necessário mostrar domínio em cena” – ressalta Arruza.
Sinopse curta: Alice é uma drag queen que canta na noite, que viveu por muito tempo os rigores de uma família extremamente religiosa e hoje, vive sua verdadeira essência. Ela tem um filho adolescente chamado Mateus (Kaú Carvalho). O jovem vai ser pai, sua namorada não quer ter o filho e o comunica que vai interromper a gestação. Confuso, Mateus procura Alice, seu pai. Na conversa entre os dois, a real família cristã brasileira é revelada e uma decisão é tomada.
Carlos fala mais sobre o personagem, que sai de um casamento conservador e resolve vivenciar a experiência de ser uma drag queen.
” A história se desenrola a partir daí, a relação dele com o filho, pois a trama revela que o relacionamento com seu filho tem um papel importante na transição que ambos estão passando, proporcionado apoio e transformações para ambos. O personagem fala sobre reencontro, recomeço e coragem” – explica o interprete de Alice.
O ator fala sobre como foi a transformação para ele, pois sempre atua como pai ou homens heteros em produções de TV e teatro.
“Eu sou gay, mas por ter características heteronormativas, muitas pessoas ficam surpresas quando sabem que sou casado há anos com o meu marido Leonardo Wagner. Então quando o Fernando Cunha Jr me fez o convite para interpretar Alice, pensei em como eu poderia passar verdade na história, o desafio interpretar uma drag queen. Fiquei feliz, mas ao mesmo com medo de deixar a personagem parecer uma caricatura. Eu queria trazer leveza e beleza verdadeira para a história” – revela Arruza.
Ele ainda fala sobre o seu maior crítico, ele mesmo, e em como isso o fez ver as principais dificuldades para ser Alice.
“A maior dificuldade para viver esse personagem, foi superar meu próprio preconceito e me abrir para a possibilidade de ser múltiplo, considerando as diferenças entre o masculino e o feminino que essa personagem carrega” – ressalta.
As gravações de “Alice, meu pai” aconteceram no Rio de Janeiro.
“Sobre as gravações, foi uma experiência deliciosa e mágica, envolvendo criatividade, improvisação e técnicas precisas para capturar as emoções. Cada set era um universo novo a ser explorado, em busca da melhor luz, fotografia e ambientação” – descreve