A influenciadora Maya Massafera está em Cannes, na França, especialmente para participar do festival de cinema, mas ao invés de lacrar sob os holofotes de um dos principais eventos do setor no mundo, Massafera contou em suas redes que deixou de participar da cerimônia do tapete vermelho por disforia, condição que combina o medo do julgamento e a ansiedade em relação à própria imagem, comum em pessoas que passam por uma transição de gênero.
É o que explica a médica especialista em cirurgia plástica Patrícia Marques, que tem um e-book sobre feminização facial chamado Transformação: “Atendo diversas mulheres trans que sofrem duplamente com a transfobia e a misoginia quando lutam todos os dias pelo simples direito de existir. O julgamento, os olhares são constantes e disforia no caso da transexualidade é bem comum, como aconteceu com a Maya”, diz.
A cirurgia plástica é uma das principais aliadas no processo de feminização para pessoas transgênero que desejam ter uma aparência com traços mais femininos. No caso do rosto, ela melhora a autoestima e a aceitação social e pode ser feita para alterar a anatomia de partes que carregam uma expressão masculina mais significativa, como a testa maior e mais forte, o nariz, a mandíbula quadrada e até o pomo de adão.
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De acordo com a especialista em cirurgias faciais e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, os principais procedimentos no rosto no processo de feminização são: a rinoplastia, cirurgia plástica no nariz, a frontoplastia, para diminuir e modelar a testa, a elevação das sobrancelhas para deixar o semblante mais feminino e delicado e a lipoenxertia nas maçãs do rosto para dar mais volume.
“Passar por todo esse processo é um passo importante na vida de pessoas que carregam descontentamentos em relação à aparência, isso modifica completamente o comportamento e a autoestima da paciente. Mas tudo é um processo, ao mesmo tempo que vem a alegria de se enxergar e se identificar com aquela nova imagem é preciso se acostumar, estar segura de si e isso não acontece da noite para o dia”, explica.
A médica termina dizendo que fatores externos também podem servir como gatilho para o transtorno, como é o caso do festival com a grandiosidade de Cannes, por exemplo, uma vez que o acesso constante a imagens de rostos e corpos perfeitos reforçam padrões irreais de beleza. “Só quem possui um incômodo físico sabe realmente o valor de poder fazer algo por si que substitua aquela sensação anterior, mas é normal que leve um tempo para isso e precisamos sempre respeitar nossos limites, mesmo que seja perder um Festival de Cinema em Cannes”, finaliza.