Por Francisco Gomes Júnior
A cada edição do BBB (Big Brother Brasil) os recordes de audiência são quebrados, o sucesso sempre aumenta, junto com o desafio da direção do programa em gestar a próxima edição com mais êxito ainda.
A edição atual tornou-se líder de audiência por alguns fatores inesperados e outros não programados, segundo se pode apurar das declarações de seu diretor geral, Boninho e do apresentador Tiago Leifert.
O primeiro fator que explica a ampliação de público desta edição está na triste pandemia que vivemos e que dá às classes mais abastadas a condição de permanecerem em casa, em home office. Isso faz com que essa elite assista o programa como nunca e repercuta os acontecimentos em todas as mídias tradicionais e sociais. O BBB é o assunto mais comentado do Twitter em dias de prova de liderança, votação e eliminação no paredão.
Repercute em todas as redes sociais, com milhões de seguidores na torcida pelos participantes e inclusive com medição de popularidade através do ganho ou da perda de fãs nas plataformas como Instagram.
A esse fator inicial soma-se a escolha e performance do “elenco” atual de participantes. De início, evidenciou-se a abertura de um maior espaço para militâncias de várias frentes e uma diversidade de pessoas representadas pelos arquétipos escolhidos. E o que deu certo são as reviravoltas do que se esperava.
Os participantes “militantes” de quem se esperava um discurso de empatia mostraram uma face desconhecida, surtada e que transformou a primeira leva de vilões. Do ponto de vista jurídico, tivemos injúrias raciais, falta de tolerância religiosa, falas discriminatórias de pessoas nascidas em determinada região, dentre outros fatos que não podem ser tomados como bons exemplos. Mas há a máxima de que se trata de um jogo e uma vez acabado ou com o participante eliminado, esquece-se tudo e segue a vida.
Nos últimos anos as autoridades policiais não pensaram assim. Várias investigações e inquéritos policiais foram abertos (alguns ainda em andamento) para apurar condutas cometidas dentro da casa. Não há na lei brasileira a permissão para que uma conduta deixe de ser crime quando cometida em determinado ambiente. Crime é crime em qualquer lugar e mesmo nesta edição investigação para apurar intolerância religiosa foi iniciada.
Mas nesse primeiro momento, mocinhos se transformaram em vilões e prováveis vilões e aqueles que com fala rústica e uma cultura machista de formação poderiam ser vilões foram mais ponderados. Como dizem que o jogo reflete, de certa forma, as tensões sociais, o jogo mostrou-se polarizado, com uma agressividade extrema e com muita falta de empatia em sua primeira parte.
Estamos na parte final e polêmicas ainda continuam existindo, como um comentário sobre determinado penteado, sobre termos politicamente incorretos etc. e o programa parece atento e buscando sempre evitar qualquer violação legal e ética. Mas em época de cancelamentos, qualquer conduta repercute fortemente aqui fora e produz danos à imagem.
E concluindo com outra observação jurídica, devem as torcidas e pessoas em geral ter cuidado com postagens nas redes sociais e outros meios. Pode-se torcer à vontade, destacar as virtudes de seu preferido ou as mancadas do adversário, mas não se pode ofender, fazer falsas acusações, enfim, não se pode denegrir a honra dos participantes ou seus familiares. Isso também é crime.