Por: Daniel Bydlowski
Uma série de Carlos Saldanha, estrelada por Marco Pigossi e Alessandra Negrini, “Cidade Invisível”, tem muitos gêneros envolvidos, como policial, fantasia e até um pouco de suspense.
Um policial ambiental (Pigossi) investiga a morte de sua esposa (Julia Konrad) no Rio de Janeiro, e aos poucos descobre que a cidade maravilhosa é fantástica, com Cuca, Saci, Iara e Curupira. Finalmente, as nossas lendas voltam ao cenário da mitologia mundial.
Estranhos acontecimentos dão início à série, uma mulher morre em um incêndio duvidoso, de especulações imobiliárias, o Boto Cor de Rosa aparece morto na praia, e o policial começa uma caçada alucinante por respostas, até um pouco psicótica, quando começa a não conseguir distinguir a fantasia da realidade. Por sua vez, uma bruxa poderosa (Negrini), perigosa figura e dona do bar mais boêmio da cidade – típico do Rio, tem habilidades de controle mental e hipnóticas, longe das histórias de Monteiro Lobato, ela se torna uma vilã não muito clássica.
Reconhecemos nessa história uma pegada de Irmãos Grimm, que distorce com sucesso as fábulas já contadas e recontadas, e se transforma em uma releitura que vale a pena maratonar.
O enredo dinâmico causa um pouco de desconforto, nos leva a pensar em filmes já contados. O personagem de Pigossi, acaba por passar de fase muito rápido, o seu ceticismo é deixado de lado no momento em que começamos a nos apegar no personagem, apesar de sua boa atuação.
Negrini, por sua vez, mantem o seu auge e faz da bruxa o ápice da série, e não só ela, mas outros atores fazem do antagonismo a máquina de engrenagem para que tudo ocorra bem.
Colocando todas as maravilhosas mitologias brasileiras de lado, a mensagem também enfrenta algumas questões política e sociais, se opondo fortemente ao capitalismo predatório e, de forma sutil, critica a exaltação nacionalista que se esconde em um sistema de empreiteiras de iniciativa privada.
Arte, diversão e mistério, essa é a linha de uma série que ficou no lugar seguro, não arriscou e nem inventou a roda, mas traz um panorama de nossa cultura, de nossa fantasia e dos problemas tipicamente brasileiros.