Canção do cantor poticearense brinca com elementos da ficção-científica
Apocalipse, falsos messias, histeria coletiva e viagens no tempo. Essas são algumas das alegorias presentes na narrativa de “Máquina do Tempo“, nova música do cantor e escritor Pedro Rhuas. A canção, lançada na madrugada desta sexta-feira (24/07) nas plataformas digitais, foi idealizada pelo artista em parceria com o produtor Antonio Bê, que assina o beat.
Segundo single trabalhado por Rhuas em 2020, “Máquina do Tempo” mistura gêneros musicais e sucede “Enquanto eu não te encontro”. Experimentalmente pop, a produção passeia pela MPB, o reggaeton e até o rock com a guitarra abrasiva de Franco Mathson. Isso tudo enquanto evoca o orgulho nordestino no sotaque vivo do intérprete.
Na faixa chancelada pelo selo independente Frika Records e mixada por DogMan, o eu-lírico, confuso sobre se apaixonar no fim do mundo, questiona-se: “quem desviou essa maldita máquina do tempo?” Entre o caos lá fora, críticas ao terraplanismo e aos ataques à democracia no Brasil, Rhuas não teme pautar política no pop.
“Escrevi a letra em 2019, logo após as eleições de 2018. Eu me sentia perdido, sem esperança. Era um momento de incertezas e medo, sobretudo para uma sempre atacada comunidade LGBTQIA+. Com tanto ódio no ar, amar se tornou quase que uma ousadia… Essa é uma música sobre amar sem desculpas e não se calar diante de quem nos oprime”, partilha o cantor.
“Máquina do Tempo” parece feita para o contexto pandêmico, embora não de caso pensado. É o que explica Rhuas: “Gravamos a música em fevereiro de 2020. Um mês depois, a pandemia explodiu. Todo mundo da produção ficou surpreso. A letra passou a fazer ainda mais sentido. Para mim, é uma prova de que arte é canalização e antecipa mensagens”.
Um projeto audiovisual de “Máquina do Tempo” foi contemplado pelo Sesc, por meio do edital nacional Sesc Convida. O clipe caseiro da música, gravado durante a quarentena, está sendo produzido e deve ser lançado em Agosto, com direção de Pedro Rhuas e Diógenes Nóbrega.